Sei lá.
Com tanto temor de minhas próprias palavras, melhor seguir inerte ao fluxo da vida. Por instantes, dias, horas ...
Quanto tempo ?
Sei lá.
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Ética na amizade. (Indagações de um amigo. Não sei de onde ele tirou este texto adaptado de Nietzsche. )
Apenas pondere consigo mesmo como são diversos os sentimentos, como são divididas as opiniões, mesmo entre os conhecidos mais próximos; e como até mesmo opiniões iguais têm, nas cabeças de seus amigos, posição ou força muito diferente da que têm na sua; como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil.
Depois disso, voce dirá a si mesmo: como é inseguro o terreno em que repousam as nossas alianças e amizades, como estão próximos os frios temporais e o tempo feio, como é isolado cada ser humano!
Se alguém percebe isso, e também que todas as opiniões, sejam de que espécie e intensidade, são para o seu próximo tão necessárias e irresponsáveis como os atos, se descortina essa necessidade interior das opiniões, devida ao indissolúvel entrelaçamento de caráter, ocupação, talento e ambiente - talvez se livre da amargura e aspereza de sentimentos que levou aquele sábio (N.T.: Aristóteles) a gritar: "Amigos, não há amigos!".
Esta pessoa dirá antes a si mesma: Sim, há amigos, mas foi o erro, a ilusão acerca de você que os conduziu até você; e eles devem ter aprendido a calar, a fim de continuar seus amigos, pois quase sempre tais laços humanos se baseiam em que certas coisas jamais serão ditas nem tocadas: se essas pedrinhas começam a rolar, porém, a amizade segue atrás e se rompe.(Haverá homens que não seriam fatalmente feridos, se soubessem o que seus mais íntimos amigos sabem no fundo a seu respeito?)
Conhecendo a nós mesmos e vendo o nosso ser como um esfera cambiante de opiniões e humores, aprendendo assim a menosprezá-lo um pouco, colocamo-nos novamente em equilíbrio com os outros.
É verdade, temos bons motivos para não prezar muito nossos conhecidos, mesmo os grandes entre eles; mas igualmente bons motivos para dirigir esse sentimento para nós mesmos.
Então suportemos uns aos outros, assim como suportamos a nós mesmos; e talvez chegue um dia, para cada um, a hora feliz em que dirá:
"Amigos, não há amigos" - disse o sábio moribundo;
"Inimigos, não há inimigos" - digo eu, o tolo vivente.
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