VeNeNo antiMONOTONIA

VENENO – Subst. Masc. - substância que destrói ou perturba funções vitais de um organismo; secreção venenosa. Tudo que corrompe, causa prejuízo moral; pessoa de má índole. Intenção perversa; interpretação deturpada. Encanto que atrai; sedução. Cachaça. MONOTONIA – Subst. Fem. - condição do que é monótono; invariabilidade. Ausência de diversidade, de vigor, de vida. ANT(I) – Pref. - da prep. pref. gr. 'antí': em frente de, contra, em lugar de, em oposição a.

30.5.06

Para mim e ... (para quem puder)

Talvez ele não seja tão brilhante. Mas quando leio os seus textos, sinto-me menos estranha, estrangeira, extraterrestre, como costumo brincar.
É alguém que me faz falta, mesmo sem tê-lo conhecido em vida.
Porque lembrar a obra e a vida de Hélio, é para mim não esquecer da possibilidade do Encontro com o Outro.
Bem vinda à Pellegrinação, Chris.
PARA MIM E PARA OTTO
(de Hélio Pellegrino e Otto Lara Resende)

"Preciso fundar em mim a disciplina da fidelidade. Preciso aprender a ser fiel a mim mesmo, às verdades que me são reveladas e que eu busco, num certo sentido, esquecer e malcurar, pois nenhuma tarefa é tão pesada como a de pastorear o ser das coisas que a nós se revela. Preciso aprender a trabalhar, com método calmo e transparente amor. A revelação, a iluminação, nada mais representam do que o bloco de pedra a partir do qual se há de arrancar a escultura. Preciso aprender a a tornar-me o escultor cotidiano, aquele que acorda e dorme a sua obra, no desfiar dos dias que se sucedem, com paciência e silenciosa paixão. Preciso pesar menos e obrar mais. Preciso ser menos eruptivo e mais fluente. Preciso fluir, manar, desdobrar-me, descobrir-me, preciso permitir que as águas venham da rocha profunda. Pois só na medida em que as águas surgem é que elas renovam. (...)"
Publicado por Liliane

25.5.06

Epicuro envia suas saudações a Meneceu - Carta sobre a felicidade.





















"Que ninguém exite em se dedicar à filosofia
enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde mental para alcançar a saúde de espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto
ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através de grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la."


Publicado por
chris

AMIZADE

"E assim, já que a amizade depende mais de amar que de ser amado, e são os que amam os seus amigos que são louvados, amar parece ser a virtude característica dos amigos, de tal forma que só aqueles que amam na medida justa são amigos constantes, e só a amizade desses é duradoura."

Aristóteles. Ética a Nicômaco, Livro VIII.

Publicado por
Chris

21.5.06

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Lembrando o Marçal Aquino (adoro falar sobre esse romance), segue "A Rosa" para as Lavínias que andam despercebidas pelas ruas do Rio...

A Rosa
Chico Buarque

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho, cravado em minha garganta, garganta
A santa, às vezes troca meu nome, e some
E some nas altas da madrugada
Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela, oi ela
Oi ela, vestida de verde e rosa, a rosa
A Rosa, garante que é sempre minha
Quietinha, saiu prá comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do norte, que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente
Demente, inventa cada carícia
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa, me acusa
Me acusa, revista os bolsos da calça
A falsa, limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom se queixa, me deixa
A gueixa, que coisa mais amorosa, a rosa
A Rosa, o meu projeto de vida
Bandida, cadê minha estrela-guia
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
Que um dia volta pra casa.
Arrasa.

Publicado por
Chris

Filosofia

A cada sexta-feira sou conquistada pela filosofia. A cada aula de "Oficina de Leitura" com Isabela Bocayuva sinto habitar a Caverna de Platão, desejando mais e mais luz. A professora e filósofa deu algumas dicas interessantes e tem feito com que eu pense, e pense com maior profundidade. Sobre a amizade, indicou Ética a Nicômaco, Livros VIII e IX (Aristóteles). Estou devorando e fazendo associações... O autor aprofunda o tema em todas as direções, em relação aos vários tipos de amizade, e fica até difícil transcrever trechos da obra sob pena de alterar seu verdadeiro sentido. Ainda assim, vou arriscar com uma parte mais simples:

"A amizade perfeita é aquela que existe entre os homens que são bons e
semehantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos. (...)
Mas é natural que tais amizades sejam raras, pois homens assim também são raros. Além disso, uma amizade dessa espécie exige tempo e intimidade. Como diz o provérbio, as pessoas
não podem conhecer-se mutuamente enquanto não tiverem
consumido muito sal juntas."

A faculdade tem me feito um grande bem. Vi que fiz o certo em não "queimar" essa etapa. Os professores são generosos e as aulas gratificantes. Subo a escadaria da Estácio, depois de um dia de trabalho, cansada, optando por não ir para casa, jantar e ficar com a minha família, e me questiono: Por quê? Respondo-me: Por amor, pela alegria de estar no meu lugar, pelo processo de crescimento. Isso me deixa feliz!

Publicado por Chris

19.5.06

E se ...

E se ... (Chico Buarque)

E se o oceano incendiar
E se cair neve no sertão
E se o urubu cocorocar
E se o Botafogo for campeão
E se o meu dinheiro não faltar
E se o delegado for gentil
E se tiver bife no jantar
E se o carnaval cair em abril
E se o telefone funcionar
E se o pantanal virar pirão
E se o Pão-de-Açúcar desmanchar
E se tiver sopa pro peão
E se o oceano incendiar
E se o Arapiraca for campeão
E se à meia-noite o sol raiar
E se o meu país for um jardim
E se eu convidá-la para dançar
E se ela ficar assim, assim
E se eu lhe entregar meu coração
E meu coração for um quindim
E se o meu amor gostar então
De mim

Postado por Liliane

18.5.06

Belezinha

Que Beleza (Tim Maia)

uh uh uh que beleza!

uh uh uh que beleza!

Que beleza é sentir a natureza
Ter certeza pra onde vai e de onde vem
Que beleza é lhe dá pureza
E sem medo distinguir o mal e o bem

uh uh uh que beleza!
uh uh uh que beleza!

Que beleza é saber seu nome
Sua origem, seu passado e seu futuro
Que beleza é conhecer o desencanto
Viver tudo bem mais claro no escuro

uh uh uh que beleza!
uh uh uh que beleza!

Abra a porta e vá entrando
Felicidade vai brilhar no mundo
Que beleza
Que beleza

uh uh uh que beleza!
uh uh uh que beleza!
_____________________

Mesmo que tudo não esteja lá tãaaao beleza (meu coração trituradinho, tal como a cara do Charlie Brown), dá pra ficar bem feliz só por acordar cedo, pegar um sol debaixo desse azul lindo, lindo de matar, fazer coisas à beça e ainda ouvir a Nina cantando : "uh uh uh que beleza!"
Cola mais do que chiclete.
E então tudo fica, pelo menos, belezinha ...
Valeu Peter. Um presentão. (E ele nem sabe que estou falando dele.)


Publicado pela Lili



15.5.06

ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA FLAUTA E OBOÉ.
DE ARIANA PARA DIONÍSIO.
Hilda Hilst

I
É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.

II
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.

III
A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?

IV
Porque te amo
Deverias ao menos te deter
Um instante

Como as pessoas fazem
Quando vêem a petúnia
Ou a chuva de granizo.

Porque te amo
Deveria a teus olhos parecer
Uma outra Ariana

Não essa que te louva

A cada verso
Mas outra

Reverso de sua própria placidez
Escudo e crueldade a cada gesto.

Porque te amo, Dionísio,
é que me faço assim tão simultânea
Madura, adolescente

E porisso talvez
Te aborreças de mim.
(...)



Publicado por
Chris

12.5.06

Amor no tempo de madureza

Campo de Flores
Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos
ou sabem a verme Deus - ou foi
talvez o Diabo -deu -me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.
Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.
Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.
Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.
E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.
Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.
Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.
Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente.
De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.

Carlos Drummond de Andrade
Publicado
por Chris

11.5.06

ISAC - Isso só acontece comigo

Bem... Em homenagem a um blog "vizinho" o Apartamento 502, o ISAC, vai um post quentinho, d'uma situação que acabou de acontecer comigo.

Depois de tomar um web toco (ou seja, um fora via internet), descobri que, comigo, a fila não anda... a fila dispersa!

Espero que não aconteça com vocês... Abçs.

Léo
http://apartamento502.blogspot.com

8.5.06

Olá Pessoas! Depois de uma demorada recuperação do almoço "anti-monotonia" em comemoração ao niver da Lili, resolvi dar as caras por aqui e deixar (mais uma vez) minhas impressões do universo paralelo onde habito (rs). De fato, percebo coisas em momentos tão sublimes que às vezes me surpreendo... Primeiro a Chris comenta sobre o seu mais novo ponto de curiosidade, os "ritos de passagem". Lóooooooooooogico que eu lembrei de Roberto DaMatta e de Roque Larraia... e começamos a falar sobre o assunto. E entre um gole e outro de refrigerante (o meu comum e o dela diet!!!) tentamos elencar uma série de "acontecimentos" na vida da gente que pode ser considerada um desses ritos. Até então, tudo bem, não vou lembrar deles agora, mas esse post é prá inserir mais um: o rito de abertura do ovo de Páscoa!!!

Vejam bem... ontem, domingo, eu estava com 40° de febre e resolvi "iniciar os trabalhos" com o meu ovo de Páscoa feito exclusivamente de chocolate ao leite e avelãs tamanho GGSuper presenteado pela minha digníssima mãe (hehehe). Ao olhar aquela maravilha do mundo industrial não pude fugir à tentação de dizer ao vento "Ai ai, não quero nem que Deus me ajude!". E foi aí que me peguei repetindo um hábito que tenho desde a infância. Abri a toalha da mesa da cozinha e fiz questão de tirar c u i d a d o s a m e n t e o adesivo que prendia a cordinha do "bombom" gigante. Depois, tirei a cordinha como quem desabotoa os trocentos botões de um vestido de noiva. Estiquei com todo o esmero o plástico colorido que o embrulhava, como se arrumasse um lençol para deitar aquela preciosidade culinária e me deparei com o maravilhoso cheiro de chocolate fresco que impesteava o ar... (Meu Deeeeeeeeeeeeeus, não precisa me ajudar agora!) Tirar o papel laminado só serviu para "despertar em mim os desejos mais primitivos"... salivei... Não vou dizer que caí de boca no ovo porque definitivamente pega mal prá kct!!! (hahahahahahaah) A surpresa maior foi achar duas pequenas barrinhas com o mesmo tipo de chocolate lá dentro! O augeeeeeeeeeeeee!!! E pronto, lá estavam as minhas mãos violando as formas aredondadas do chocolate e a minha boca inundada daquele gosto inconfundível.

E se isso não é um rito, o que mais poderia ser? Socialmente, fui recriminado por não dividir o troço com ninguém! Religiosamente, fui condenado por abstrair a onipresença de Deus no meu ato profano! Pessoalmente, fui tomado de súbito por uma mudança de estado de humor! Fisicamente, tive ciência de que nada no meu corpo mudou (nenhuma grama a mais ou a menos, e nenhuma vontade repentina de "virar flor" e ficar plantado no "vaso")!!! Ou seja, em todas as escalas pude perceber que o meu rito teve forte influência... Pena que a Páscoa só acontece uma vez ao ano. No resto dos meses a gente se concenta com uma caixa de bombom... que venha uma de Ferrero Rocher!!!

Inté mais! Abçs.

Léo
http://apartamento502.blogspot.com

5.5.06

ANIVERSÁRIO DA LILIANE!!!



Nossa comemoração na Livraria da Travessa!

O trio do Veneno Antimonotonia reunido nessa ocasião especial. Se fosse possível, teríamos ficado de papo a tarde inteira, pois o encontro foi mais que agradável.

Parabéns, amiga!

Beijos da Chris e do Léo.

3.5.06

Desassossegada


"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; (...) Sou dois, e ambos têm a distância - irmãos siameses que não estão pegados."
O Livro do Desassossego, Bernardo Soares (Fernando Pessoa)


Postado por Liliane